TDAH – Modulação com Nutrigenética e Nutrição Ortomolecular

O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), é caracterizado por desatenção e/ou hiperatividade e impulsividade excessivas, bem como disfunção executiva, falta de autocontrole emocional e motivação. A neurotransmissão dopaminérgica e noradrenérgica desregulada tem sido amplamente implicada na fisiopatologia do TDAH.

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DIAGNÓSTICO

Apesar dos esforços para identificar marcadores biológicos específicos para realização do diagnóstico do TDAH, até o momento ele é essencialmente clínico, feito a partir da observação da manifestação dos sintomas listados nos sistemas de classificação de saúde – DSM-V, em conjunto com a CID-11.

O diagnostico deve incluir pelo menos 6 dos seguintes sintomas de hiperatividade-impulsividade que deve ter persistido por pelo menos 6 meses.

  • (  ) Não dá atenção aos detalhes ou faz erros descuidados nos trabalhos escolares;
  • (   ) Dificuldade em manter a atenção;
  • (   ) Parece não ouvir o que está sendo dito;
  • (  ) Não segue as instruções e falha para terminar tarefas ou deveres no local de trabalho;
  • (  ) Dificuldades em organizar deveres e tarefas;
  • (  ) Não gosta de deveres e tarefas que exijam esforço mental;
  • (  ) Muitas vezes perde as coisas necessárias para executar tarefas ou atividades;
  • (  ) Muitas vezes, é facilmente distraído por estímulos estranhos;
  • (  ) Esquece as atividades diárias;
  • (  ) Hiperatividade evidenciada por agitação com mãos ou pés;
  • (  ) Hiperatividade evidenciada ao deixar o assento na sala de aula ou em outras situações em que o restante da sala esta sentada esperando;
  • (  ) Hiperatividade evidenciada por correr ou escalar excessivamente em situações em que esse comportamento é inapropriado;
  • (  ) Dificuldade de jogar ou engajar em atividades de lazer silenciosamente;
  • (  ) Hiperatividade evidenciada por falar excessivamente;
  • (  ) Impulsividade por mostrar respostas para perguntas antes das perguntas terem sido concluídas;
  • (  ) Dificuldade em aguardar linhas ou aguarda turno em jogos ou situações de grupo;
  • (  ) Impulsividade por interrupção ou intrusão em outras conversas

O TDAH é um transtorno complexo e heterogêneo e sua etiologia ainda não está completamente compreendida. Apesar das evidências de que os fatores ambientais têm um papel importante na sua etiologia, os estudos de genética clássica apoiam uma forte contribuição genética para o TDAH, com estimativas de herdabilidade em média de 75% em crianças.

TDAH

GENÉTICA E TDAH

Estudos mostram relação entre TDAH e diferentes genes que codificam transportadores dopaminérgicos, receptores catecolaminérgicos, enzimas, fatores ou receptores que metabolizam catecolaminas.

Atualmente a relação parece significativa entre o TDAH e alguns polimorfismos genéticos, como SLC6A3, DRD4, DRD5, SNAP-25, LPHN3, GIT1 e HTR1B2.

Dentre os genes citados acima, o SLC6A3 é um gene codifica um transportador de dopamina que é um membro da família de transportadores de neurotransmissores dependentes de sódio e cloreto. O DRD4 codifica o subtipo D4 do receptor de dopamina. Mutações neste gene têm sido associadas a vários fenótipos comportamentais, incluindo disfunção do sistema nervoso autônomo, transtorno de déficit de atenção/hiperatividade e o traço de personalidade de busca por novidades.

Avaliar o quadro genético afeta diretamente na escolha do melhor tratamento no TDAH. A nutrição de precisão exige uma clareza nesses dados para elaborar a melhor e mais refinada conduta.

TRATAMENTO

O tratamento mais bem-sucedido é com medicação psicoestimulante que aumenta as catecolaminas no cérebro, atingindo um tamanho de efeito com cerca de 70% dos pacientes com TDAH. As catecolaminas no cérebro incluem os neurotransmissores adrenalina, noradrenalina e dopamina.

A prescrição de estimulantes aumentou dramaticamente nas últimas décadas em todo o mundo, o que é controverso devido ao abuso e ao potencial de desvio. Além disso, os estimulantes geralmente têm efeitos adversos no sono e no apetite, além de causar irritabilidade, náuseas/vômitos, dor abdominal, dores de cabeça, humor lábil e supressão do crescimento, embora geralmente não sejam graves e possam ser transitórios.

O que se sabe até o momento é que o TDAH é um Transtorno heterogéneo de origem multifatorial, integrando: fatores genéticos, fatores neurobiológicos e fatores ambientais, associados a múltiplos genes. Podemos destacar alguns desequilíbrios fisiológicos e metabólicos presentes nesses pacientes:

  • Deficiência de vitaminas e minerais;
  • Distúrbios gastrointestinais;
  • Alergias alimentares múltiplas;
  • Distúrbios no processo de Destoxificação;

MAGNÉSIO-L-TREONATO

É uma fonte biodisponível de magnésio para o cérebro e age diretamente nas funções cognitivas:

  • Aumenta os níveis de magnésio no cérebro;
  • Aumenta sinapses e capacidade cognitiva;
  • Controla a ansiedade e estresse.

Trabalhos em animais jovens e adultos mostraram que este ativo está associado com o aumento da densidade e plasticidade das sinapses no córtex pré-frontal e no hipocampo. Foi notado nesses estudos uma melhora na memória de trabalho, na memória de curto prazo, redução da ansiedade e na extinção da memória de medo.

ÔMEGA 3

EPA e DHA nas proporções adequadas (soma de EPA + DHA deve ser maior que 100mg). Estudos correlacionam a suplementação de ômega 3 e efeitos positivos na melhora de alguns sintomas (hiperatividade, letargia e estereotipia), melhora dos níveis de vitaminas do complexo B, minerais e aminoácidos que são essenciais para desenvolvimento dos neurotransmissores que mantem o equilíbrio no sistema nervoso.

INTESTINO E CÉREBRO

A microbiota intestinal regula a função e a saúde intestinal. Evidências crescentes indicam que eles também podem influenciar no sistema nervoso e vice-versa.

Pesquisas revelam que várias cepas de probióticos foram relatadas como psicobióticas em estudos em animais. Psicobióticas são probióticos que influenciam positivamente o sistema nervoso central e permite melhora nos sintomas de estresse, ansiedade e depressão, afetando diretamente no tratamento do TDAH.

A administração de Lactobacillus plantarum reduziu a ansiedade e comportamentos semelhantes aos da depressão, e aumentou significativamente os níveis de dopamina e serotonina em ratos. Bifidobacterium longum diminuiu o estresse, a depressão e comportamentos de ansiedade. O Lactobacillus rhamnosus diminuiu a ansiedade e a depressão.

 O tratamento correto e mais efetivo no TDAH vai depender de uma avaliação genética juntamente com quadro bioquímico, para conseguir o melhor resultado. Buscar um profissional qualificado para acompanhar a adequação é essencial.

 

REFERÊNCIAS

Cheng, L.H.; Liu, Y.W.; Wu, C.C.; Wang S.; Tsai, Y.C. Psychobiotics in mental health, neurodegenerative and neurodevelopmental disorders. J Food Drug Anal. v.3, p. 632-648, 2019.

Bonvicini, C.; Faraone, S.V.; Scassellati, C. Attention-deficit hyperactivity disorder in adults: A systematic review and meta-analysis of genetic, pharmacogenetic and biochemical studies. Mol Psychiatry. v. 7, p. 872-84, 2016.

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