A gestação, um marco onde as mulheres iniciam um ciclo de responsabilidade com a própria saúde e a do feto. Quando é descoberto que a partir de agora você precisa cuidar de duas saúdes a atenção dobra e suas necessidades fisiológicas mudam completamente. Nesse texto sugerirei as principais estratégias que você não pode deixar de fora da sua gestação.
O período gestacional é constituído por 40 semanas, devidos em primeiro trimestre (12 semanas), segundo (13 a 17 semanas) e terceiro trimestre (acima de 28 semanas). Para cada etapa da gestação apresentam fatores determinantes, abaixo é listado algumas delas.
Primeiro trimestre: caracteriza-se por grandes modificações biológicas. Nesse período a mulher, pela nova fase hormonal, sofre manifestações de enjoo e vômitos que a submetem a privação alimentar, mas que não remetem a prejuízos para o feto.
Segundo e terceiro trimestre: fase em que o meio externo influencia diretamente na condição nutricional do feto. O ganho de peso adequado, a ingestão de energia e nutrientes, o fator emocional e o estilo de vida serão determinantes para o crescimento normais do feto. Por esse motivo, a disciplina relacionada aos hábitos de vida e à qualidade da assistência pré-natal da gestante vão ser responsáveis pelas consequências imediatas e futuras tanto para a mãe quanto para o feto, pois caso esta não ingira os nutrientes necessários, seu corpo irá extrai-los de suas reservas.
FATORES DE RISCO NA GESTAÇÃO
Vários fatores podem contribuis para riscos na gestação, quanto mais fatores estiverem diagnosticados numa única gestação pior o prognóstico. As causas clínicas mais comuns, conforme dados do Ministério da Saúde estão:
Hipertensão arterial – 3 a 5%
Diabetes melito – 0,5 a 1%
Cardiopatias – 1 a 4%
Infecção urinária – 2 a 10%
Distúrbios nutricionais, inclusive anemia – 15 a 20%
Distúrbios tireoidianos – 0,2%
GESTANTE COM MAIS DE 35 ANOS
Gestações com mais de 35 anos foram associadas a maiores riscos de complicações, tais como abordo espontâneo no primeiro trimestre (devido ao deslocamento placentário), hipertensão crônica, diabetes gestacional, placenta prévia, pré-eclâmpsia e eclâmpsia.
Em 2019, dos 778.090 nascidos-vivos na Alemanha, mais de 40.000 crianças nasceram de mulheres com mais de 40 anos. A gestação da mulher acima dos 35 anos aumentou grandemente e é importante olharmos para o quadro desse perfil de gestante.
Em uma pesquisa publicada em 2023, avaliaram 8.523 pacientes, que deram à luz entre 2014 e 2018, divididos em dois grupos: aqueles com idade materna ≥40 anos e aqueles <40. Observou-se taxa significativamente maior de cesariana, mais baixo peso ao nascer e maior incidência de retenção de placenta, em mulheres com idade igual ou superior a 40 anos.
NÁUSEAS E VÔMITOS
As náuseas e vômitos são manifestações clínicas que afetam 80% das mulheres no início da gestação, ocorrendo geralmente no primeiro trimestre.
Quadro: Intervenções nutricionais para o manejo de náuseas e vômitos:
– Fracionar a dieta. Ingerir pequenas quantidades de alimentos com mais frequência, entre 2 a 3 horas. – Beber pequenas quantidades de líquidos com mais frequências durante o dia. – Evitar ficar muito tempo sem comer; – Evitar odores e texturas de alimentos que desencadeiam náuseas. – Evitar líquidos durante as refeições. Ingerir líquido 30 min antes da refeição ou/e 60 min depois. – Preferir alimentos sólidos, secos e ricos em carboidratos pela manhã, como frutas, cereais integrais, bolacha de arroz, tapioca, batata doce, inhame. – Evitar frituras, alimentos com odor forte e muito tempero. – Evitar deitar-se após as refeições. – O sabor cítrico e temperatura gelada são mais bem tolerados, indicado o consumo. |
Fonte: Marques, Serpa e Teixeira, 2018.
Gengibre
Tem sido utilizado como uma das principais intervenções terapêuticas para náuseas e vômitos gestacional. O gengibre é muito valorizado como erva medicinal para alívio de distúrbios gastrointestinais, acredita-se que sua eficácia seja pelas propriedades aromáticas, carminativas e depurativas. Até o momento, a utilização do gengibre tem se mostrado segura e não foram encontrados efeitos adversos nas gestantes.
Em estudos feitos com gestantes, foi incluído 1gr de gengibre (extrato seco cápsula) por quatro dias, resultando na diminuição de náuseas e vômitos cinco vezes mais que o placebo. De acordo com outras pesquisas, a suplementação de gengibre ou a mesma dosagem em pó (1gr), apresentou segurança no tratamento, sem risco de complicações à mãe ou ao feto.
As mães também podem estar utilizando o gengibre livremente na cozinha, beber água com gengibre ou fazer infusões, veja abaixo uma receita.
Chá de gengibre
Modo de fazer: Lave o gengibre, descasque-o e rale um pedaço equivalente a uma colher (chá). Leve ao fogo com um copo de água e deixe ferver, em fogo baixo, por 10 minutos. Coe e sirva em seguida. Se quiser, acrescente algumas gotas de limão para suavizar a adstringência do gengibre.
Lembre-se o modo de preparo de um chá é muito importante para extrair suas propriedades. Cada tipo de chá tem um modo de preparo.
Cafeína
Pesquisas mostram que o consumo de cafeína aumenta o risco de abortos espontâneos no primeiro trimestre. Depois do primeiro trimestre o consumo de cafeína não deve ultrapassar a 200mg de cafeína/dia.
Visto que no tópico anterior foi debatido sobre os riscos de abortos espontâneos na idade avançada na gestação, recomenda-se cortar a cafeína da gestante acima de 35 anos.
Peixes
Deve-se reduzir o consumo de determinados peixes por conter elevados níveis de substâncias contaminantes como o mercúrio. Todo peixe contém vestígios de mercúrio, porém peixes de grande porte, mais gordos e de águas profundas possuem quantidades maiores de contaminantes.
Prefira: peixes selvagens, de pequeno porte, consuma a carne longe da cabeça e prefira as preparações assadas, pois diminuiu a contaminação
Adoçantes
O aspartame está presente em refrigerantes, misturas para sobremesas, iogurtes, multivitaminas mastigáveis e cereais matinais.
A sucralose e o acessulfame-K também atravessam a placenta. Porém, as investigações tem sido limitada em estudos em animais por isso os resultados devem ser interpretados com cautela, devido às diferenças na fisiologia em comparação com seres humanos. Também faltam estudos sobre os efeitos de outros adoçantes alternativos, como a estévia e os álcoois de açúcar.
Açúcar na gestação
Evidências de que o consumo de açúcar durante a gravidez pode contribuir para o aumento do ganho de peso gestacional e para o desenvolvimento de complicações na gravidez, incluindo diabetes gestacional, pré-eclâmpsia e parto prematuro. Dos vários tipos de açúcar, a frutose é considerada particularmente prejudicial.
Estudos em animais também demonstraram que o aumento da ingestão de frutose durante a gravidez aumenta o risco de doença hepática gordurosa materna, resistência à insulina/intolerância à glicose, bem como hipertensão e/ou pré-eclâmpsia.
A elevada ingestão de açúcares adicionados durante a gravidez é uma das variáveis dietéticas que se demonstrou estar relacionada ao desenvolvimento de diabetes mellitus gestacional (DMG).
Um estudo que utilizou dados da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição para analisar os padrões alimentares de mulheres grávidas e o risco de diabetes gestacional descobriu que uma dieta caracterizada por alto teor de açúcar adicionado e carnes orgânicas; o baixo consumo de frutas, verduras e frutos do mar foi o padrão de maior risco para DMG.
Outro estudo relatou que a ingestão de bebidas açucaradas antes da gravidez estava associada ao desenvolvimento de DMG, consumir mais de 5 refrigerantes de cola adoçados com açúcar por semana aumentou o risco de diabetes gestacional em 22%.
Embora os estudos realizados em seres humanos sejam limitados devido a questões éticas em gestantes, está bem estabelecido que tanto a glicose como a frutose atravessam a placenta humana e, portanto, alcançam e podem afetar o bebê em desenvolvimento.
Quadro: Fatores de risco para DMG.
– Idade materna avançada. – Gravidez atual com classificação de Índice de Massa Corporal (IMC) em sobrepeso, obesidade ou ganho de peso excessivo de peso. – Deposição de gordura corporal central de forma excessiva. – História familiar de diabetes em parentes de primeiro grau. – Crescimento fetal excessivo, polidrâmnio, hipertensão, pré eclâmpsia na gravidez atual. – Histórico de abortos de repetição, malformações, morte fetal ou neonatal, microssomia ou DMG. – Diagnóstico de Síndrome de Ovário Policístico (SOP). – Baixa estatura (menos de 1,5 m). |
Fonte: Marques, Serpa e Teixeira, 2018.
PROBIÓTICOS
Buscando um tratamento nas gestantes com DMG, os probióticos tem se mostrado uma ótima alternativa. Em um estudo feito com essa amostra, foi demonstrado que a suplementação de probióticos para mulheres com DMG reduziu marcadores inflamatórios e a resistência insulínica. O suplemento de probióticos utilizado nesse estudo foi composto por oito cepas, Streptococcus thermophilus, Bifidobacterium breve, Bufidobacterium longum, Bufidobacterium infantis, Lactobacillus acidophillus, Lactobacillus plantarum, Lactobacillus paracasei e Lactobacillus bulgarius.
A redução significativa de marcadores inflamatórios como, Interleucina-6 (IL-6), Fator de Necrose Tumoral-alfa (TNF-a) e Proteína C Reativa – ultrassensível (PCR-us), reforça a ação benéfica na inflamação, devido a sua capacidade de modular a flora intestinal e reduzir permeabilidade.
A segurança do uso de probióticos durante a gestação é suportada por metanálise de estudos randomizados e ensaios clínicos conduzidos por gestantes.
As mudanças necessárias para uma gestante são muito individuais. Dicas e sugestões não substituem o acompanhamento de um profissional. Analisar as necessidades de cada mãe em seu processo de gestação é algo peculiar e para atingir o total objetivo é preciso de um profissional especializado para olhar a adequação nutricional.
Não deixe para amanhã cuidar de você e do seu bebe.
Profissional especializado
Agora que você já entendeu um pouco sobre a dieta e os cuidados para ajustar o tratamento ideal durante a gestação, está na hora de dar um passo à frente rumo ao seu bem-estar.
Conte comigo para auxiliar você nesta jornada rumo a longevidade. Me chamo Karine Vincenzi, nutrigeneticista e há anos atuo ajudando pessoas a romperem a barreira da dependência do uso do medicamento na busca de um corpo saudável e uma mente equilibrada, com controle da ansiedade na medida certa para que se tenha uma qualidade de vida elevada.
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REFERÊNCIAS
VITOLO, M.R.; Nutrição: da gestação ao envelhecimento. 3 Edição. Rio de Janeiro: Editora Rubio Ltda, 2010.
MARQUES, N.; SERPA, F.; TEIXEIRA, M. Nutrição Funcional: da fertilidade a gestação. 1 Edição. São Paulo: VP Editora Ltda, 2018.
RATIU, D. et al. Impact of Advanced Maternal Age on Maternal and Neonatal Outcomes. In Vivo. v. 4. p. 1694-1702, 2023.
GORAN, M.I.; PLOWS, J.F., VENTURA, E.E. Effects of consuming sugars and alternative sweeteners during pregnancy on maternal and child health: evidence for a secondhand sugar effect. Proc Nutr Soc. v. 3. p. 262-271, 2019.